Criar a partir do feio
Enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo
Terça-feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro
Quarta-feira:
Magia acima de tudo
Drogas, barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo
Quinta-feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos
Sexta-feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(Só as mães são felizes)
Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cu
Com os sentimentos mais nobres
Domingo:
Não pisar em falso
Nem nos formigueiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas dos metrôs nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe, por favor
Chore sem fazer barulho
Poema escrito por CAZUZA aos 20 anos de idade.
SOBRE CAZUZA
O carioca, nascido em 4 de abril de 1958, que cantou e compôs letras que até hoje continuam sendo interpretadas por grandes nomes da música brasileira, faleceu no dia 7 de julho de 1990. Cazuza morreu aos 32 anos, pouco tempo depois de ter revelado ser soropositivo.Antes de seguir a carreira solo, ele fez sucesso como vocalista da banda Barão Vermelho, época em que compôs várias letras em parceria com Frejat.
Polêmico, suas declarações nem sempre agradavam a todos, mas o legado musical que deixou poderia ser traduzido pelo trecho de uma de suas próprias canções, pois era capaz de ‘transformar o tédio em melodia’ (Todo amor que houver nessa vida).
0 comentários:
Postar um comentário